domingo, 21 de junho de 2015

Em família

 Mel na boca

André Neves
Editora Cortez


 "O avô gosta de pássaros e manhãs.
Tino, o neto,também gosta
e tem mel na boca quando canta"

Abro o livro e penso que estou assistindo a um filme,tamanha a perfeição das imagens! A história começa deliciosamente,com avô e neto em cima da árvore.
Amigos,cúmplices,companheiros.

O menino passa as férias na casa do avô. Cidade pequena,lugar tranquilo,com brincadeiras que parecem não ter fim.

Tino e seu avô são inseparáveis e se divertem com as músicas que o avô gosta de lhe ensinar.
Tino gosta de cantar todos os dias pela manhã. O pintassilgo, que o avô guarda em uma gaiola fica calado ouvindo a voz do menino.
O avô havia tocado na orquestra da cidade,por isso possui alguns instrumentos musicais em casa,que Tino gosta de brincar.

Tino gosta quando o avô o ajuda a andar de bicicleta,mesmo estando com as rodinhas laterais. A companhia do avô lhe transmite confiança e a brincadeira fica muito mais gostosa.
"- Empurra vô, empurra!"
Dá até para imaginar a voz do menino e seus cabelos balançando ao vento ao pedalar pela tranquila rua!
E assim faziam todos os dias, Avô e neto em uma aventura diária,embalados pela música.Até que um dia...
Bom,um dia o pintassilgo resolveu canta! Com isso,o avô que só enxergava e ouvia o neto, inevitavelmente desviou o olhar para o pássaro, o que despertou o ciúme no menino.
Na noite chuvosa, Tino perdeu o sono preocupado em encontrar um jeito de calar o pintassilgo.
A noite foi muito longa.
A manhã chega e o avô não vê o pássaro na gaiola pendurada entre os galhos.
Tino tenta ficar indiferente ao sofrimento de seu avô, mas a vontade de contar a verdade é maior que ele.

"-Vô, eu soltei o passarinho. Ele precisava voar."
Já li o livro várias vezes,mas meu coração sempre acelera nessa hora.

Em silêncio o avô pega a bicicleta e vai em direção à rua. Chama o neto,que arrependido não consegue falar nada.
Ao aproximar-se,Tino percebe que o avô havia retirado as rodinhas da bicicleta.
"Tino agarra o guidom, firma os pés nos pedais e o avô assobia com um empurrãozinho"
Vejo este livro como um grito de liberdade.
O pássaro não pode viver engaiolado e o menino não pode depender das rodinhas da bicicleta.
Avô e neto são livres para brincar,cantar e curtir as férias!

Merecidamente Mel na Boca está entre os 30 Melhores Livros do Ano de 2015,da revista Crescer.

Outro trabalho incrível de André Neves é a exposição: TIRANDO DE LETRA ANDRÉ NEVES -EM CAMINHOS,que está em cartaz de 15 de maio a 20 de setembro de 2015,no Sesc de Ribeirão Preto - SP.


E o talento está nessa família!
Elma, irmã de André também possui em seu DNA o dom de encantar,com palavras e com imagens! Depois de passar aqui pelo blog com seu Vento e tantas outras lindas histórias, agora ela soprou uma brisa suave que me encheu de emoção ao recordar o tempo de infância ao lado das minhas avós.

BRISA
Elma
Editora Cortez




 Ao cair da tarde Brisa sai da escola e corre para a casa de sua avó,com o vento embaraçando seus cabelos e seus pensamentos.
A avó já está a sua espera,para contar as histórias esperando o cair da noite.
A avó ajeita os cabelos embaraçados da menina e lhe presenteia com uma caixa de lápis de cor.
Brisa gosta de colorir a vida.
Rabisca as paredes e tudo o que vê pela frente. A vó nunca se zanga. Entende que o rabiscar faz com que a menina organize as idéias.
Um dia Brisa disse para a avó que gostaria de desenhar o vento.
"-Você vai conseguir -disse a avó,encorajando a neta- Você é uma grande artista." 
Mas Brisa não conseguiu,porque não dava para desenhar o que não podia ver.
A avó tratou logo de soprar umas palavras em seu ouvido,então a menina compreendeu que tem coisas que se vê quando se vê com o coração.

Os momentos passados com nossos avós são maravilhosos! São incríveis! passam tão rápido que nem nos damos conta de como é bom.
Ainda bem que nos restam as lembranças.
Lembrei das minhas avós,que como todas as avós que conheço, eram repletas de sabedoria.
Vó Edith era séria, vó Joana era engraçada.
Lembro das comidas gostosas, dos doces escondidos, da cumplicidade das coisas "erradas".
É como dizem: "Avó é mãe com açucar".
Quando eu for avó quero ser bem doida, no sentido de encarar todas as aventuras e encher as crianças de histórias!

Muito bom falar de histórias de pessoas tão queridas!
André e Elma moram no meu coração não é de hoje.
Bem verdade que fazem livros para eu chorar, devido a tanta sensibilidade nas histórias, mas quando nos encontramos,as risadas são garantidas!!!

Com Elma e André Neves, no 17º Salão FNLIJ,em 13/06/2015





Que tenhamos uma semana doce como mel e suave como a brisa! rs
Bjs
Silvia




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