sexta-feira, 4 de abril de 2014

Aprendendo com a sabedoria indígena

Catando piolhos contando histórias

Daniel Munduruku
Ilustrações: Maté
Brinque-Book

Sala de aula cheia. Vinte e três crianças barulhentas. Mais ou menos dez minutos para que todos fiquem quietos. Eles sabiam que eu iria ler uma história. Mas qual? Faço suspense,digo que é surpresa.
Começo a falar que no dia 19 de abril comemora-se o dia do Índio e que por este motivo escolhi contar histórias da cultura indígena. A algazarra continua,começo a ler assim mesmo. Leio a primeira página, quando o autor começa a narrar sua infância e que sentavam-se ao redor do fogo para se alimentar e contar para os adultos o que haviam feito durante o dia. Percebi que uma frase chamou a atenção das crianças:
"Embora não parecesse,todos nos ouviam com atenção e respeito." (pág.8)
As crianças começam a se aproximar e a sentar ao meu redor. Momento aconchegante,prazeroso. Como se estivéssemos misturados às crianças e adultos da tribo,ouvindo suas histórias.

 Ficaram interessadas em conhecer uma realidade tão distante. Gostaram de saber que na tribo Munduruku, o ato de catar piolhos é uma forma de carinho, de intimidade, de compartilhar. As pessoas mais velhas da tribo são os catadores: pai, mãe, tios, cacique e pajé. As crianças escutam suas histórias e os respeitam. Sabem da sabedoria dos mais velhos. O livro conta a lenda da origem dos alimentos,fala da onça,a mãe da floresta e dos ensinamentos da sabedoria indígena.
Então ficamos ali sentados no chão, lendo as histórias, como se estivéssemos catando piolhos...

Pesquisando na internet,encontrei um depoimento muito interessante do Daniel Munduruku,onde ele fala sobre a educação indígena,onde ele fala que a criança tem que ser criança. Precisa de espaço,precisa brincar.
"Um adulto que não viveu a sua infância vai ser sempre criança,porque vai sempre buscar uma infância que não viveu." (Daniel Munduruku)

Que possamos nos espelhar na sabedoria indígena e permitir que nossas crianças vivam plenamente a infância.
Bjs